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A reciprocidade da presunção: quem vive sempre desconfiado, indica não ser de confiança

 Nada melhor que as diversas experiências de vida, para nos fazer compreender o comportamento humano ao nosso redor; nesse sentido, observadas as devidas atitudes, os gestos ou mesmo, sutis formas de silêncio e quietude, é possível identificar nos distintos caráteres, suas autenticidades ou a ausência dessa qualidade tão primordial nos dias de hoje, em que a hipocrisia social exige, naquilo o qual nunca se dispõe a oferecer.

 A forma de se fazer política atualmente, tanto no Brasil quanto no restante mundo, esboçada na polarização entre nomes e figuras os quais representam apenas torcidas ideológicas e não propostas amparadas nas diferentes correntes de expressão do pensamento dentre os conceitos de gestão pública, e na forma de organização dos Estados Nacionais, acaba por contaminar a melhor das intenções de outras vertentes partidárias eleitorais.

 Enquanto isso, a institucionalidade das legendas políticas perde valor e espaço para o personalismo ou o culto à personalidade, evidenciada de um lado na figura do presidente Jair Bolsonaro e de outra, na imagem do ex-presidente Lula - que por vezes é criticada por outros, porém num ligeiro ar de inveja. Os partidos passam a ser vistos como meras ferramentas de acesso eleitoral ao poder, não como instrumentos institucionais para a discussão de ideias, onde democraticamente, todos tenham acesso ao uso da palavra. 

 Através desse entendimento, nutre-se o atraso latino-americano sobre personalidades políticas caudilhescas, no qual também se inspira o Brasil - frise-se, ainda que haja outros que assim os critique, mas se dando apenas pela dor de cotovelo por não se estar entre uma das distintas alas da ponta na preferência da disputa pela hegemonia popular.

 Nessa observação, por mais que se usem de argumentos pedantes dotados em certa medida de plausibilidade, ao redor dos graves problemas nacionais; abordados num complexo e bem elaborado jogo de palavras (em atitudes típicas às quais lembram os mágicos que gesticulam braços e mãos, para que o público não perceba o segredo de seus truques), muitas figuras do meio político evidenciam em seus comportamentos, amargores e ressentimentos, no esboço de sutis desvios éticos explanados em palavras hostis e outras alfinetadas verbais, às quais acabam sendo lançadas até mesmo, contra seus próprios admiradores.

 Assim é possível se reparar e perceber em meio ao destrambelhamento que atropela inclusive, aqueles os quais nutrem determinada simpatia por essas figuras do meio partidário eleitoral, serem tão personalistas quanto as celebridades políticas das quais criticam. 

Uma incoerência que nos põe em sinal de alerta na relação com essas excentricidades extravagantes, às quais fogem um pouco do foco ao redor de uma abordagem necessariamente mais política, do que excessivamente tecnicista, como modo de menosprezar o mínimo entendimento popular, sobre questões que envolvem políticas econômicas, fiscais e monetárias nacionais.

 Portanto, nessa busca personalista na qual se procura somente inflar o próprio ego, as antipatias se despertam, logo depois de breves sensibilidades de desapontamentos e contrariedades nas quais se depositava algum grau de confiança popular ao rude e grosseiro portador da verdade do discurso político.

Ciro Gomes é entrevistado por Roberto D'ávila,
na GloboNews.
 Ao arredio comportamento oposto do que antes era admiração, acaba por despertar a dúvida ao redor da própria confiabilidade à qual gira o individualismo egocêntrico que ofende a uma expressiva parcela do público, sugerindo-lhe a atribuição da ignorância, enquanto posa jactancioso como mais capaz e inteligente que seu próprio eleitorado em potencial, o qual arrisca a perdê-lo. 

 É nesse desrespeito ao público sufragante, no qual deve se ater na hora de escolher determinadas figuras em lugar de suas propostas; ou mesmo também, na observância à forma hostil como apresenta tais proposituras supostamente destinadas à causa pública e ao bem comum.

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