O Partido Progressista (PP), o qual herdou parte dos quadros de antigas agremiações como o PDS e a Arena e o que lhe valeu também até mesmo o número "11" da legenda, usada pelo partido, e que possui nomes como Jair Bolsonaro e Paulo Maluf, teve o maior número de citados na lista de políticos encaminhada pela Procuradoria Geral da República (PGR), ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre figuras do mesmo partido o qual formalmente faz parte da base aliada, com direito a cargos no governo e tudo mais, existem aqueles que se declaram oposição. O curioso é que muitos desses que se dizem oposição ao governo por não concordarem com o suposto envolvimento do governo com casos de corrupção, estão agora elencados na famigerada lista do MPF.
Esse é mais um sintoma de que o problema da corrupção no Brasil é sistêmico e não pode ser visto apenas como aquilo o que é atribuído por supostos probos, aos indignos que cometem improbidades; muito menos por aqueles que acusam e se esquecem que por pertencerem a um sistema corrompido, podem também vir a terem seus nomes citados em possíveis casos de corrupção.
Citado na lista da Lava Jato deputado gaúcho Luiz
Heinze clama por moralidade pública em tweet. O
que leva a um comportamento como este? Hipocrisia
ou oportunismo?
|
Certamente o que há de mais demagógico é alguém se fazer de puritano em um ambiente promíscuo. Pode um padre manter a virtude a que a função sacerdotal lhe permite, participando da vida de pessoas de má fama em um ambiente de igual gênero?
Assim são políticos que participam de um modelo de eleições que os instiga à ilegalidade e os quais apontam sempre seus opositores como a causa para tais ilegalidades. Salvo aqueles que visivelmente se empenham para uma reforma legislativa que propicie as mudanças necessárias para que tais práticas sejam extirpadas.
O fato de políticos, antes tidos como acima de qualquer suspeita, serem "surpreendidos" como beneficiários de um esquema de financiamento de campanhas eleitorais ilícitas, pode sinalizar também a falta de cuidado dos mesmos em procurarem entender a origem dos recursos que irrigam suas campanhas.
Dessa forma, um movimento espontâneo e natural logo empurrará parlamentares favoráveis ao financiamento privado de campanhas eleitorais a também apoiarem a ideia do financiamento público e exclusivo, já que dentre os propensos incautos que receberam recursos encontram-se parlamentares goianos e que aparentemente, nada têm a ver com contratos entre empreiteiras e Petrobras.
Sandes Júnior e Roberto Balestra, ambos também do PP, foram citados na lista da chamada Operação Lava Jato e à grosso modo, não há como associa-los a nada que envolva a natureza das investigações. Porém nesses casos, pode ter havido mesmo displicência dos mesmos ao não se atentarem para a origem dos recursos que irrigaram suas campanhas. Pelo que parece, caíram de gaiato no caso.
Já o vice-governador da Bahia, João Leão, desdenha e diz que está "cagando e andando" para o fato de seu nome estar na lista. E oposicionistas mais aguerridos em discursos que agradam a seus eleitorados cativos como se manter contrário aos direitos de negros, gays, índios e sem terras, como o deputado gaúcho Luiz Carlos Heinze, também se viram surpreendidos ao serem citados na lista do procurador Rodrigo Janot.
Nisso o coro em torno do argumento dos que se dizem apartidários declarados, onde procuram por isso nivelar a política sempre por baixo e assim generalizar toda a classe, seguramente encontra nessas situações margens a manobras golpistas que desencadeiam em governos de exceção.
A explicação para uma lista tão extensa certamente seria o fato de se incluir doações legais e devidamente declaradas como indícios de pagamento de propinas a parlamentares por parte das empresas investigadas. É como relata o site Brasil-247, nas alegações do procurador Rodrigo Janot, ao apresentar denúncia formal contra o presidente do Senado Renan Calheiros do PMDB.
Estas são portanto as disparidades e incongruências da divulgação da lista dos supostos envolvidos na Operação Lava Jato. A afirmação de que doação legal possa ser uma espécie de fachada para o pagamento de propinas é um argumento muito frágil e põe seriamente a credibilidade da PGR na berlinda.
Comentários
Postar um comentário