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Ciência, religião e espiritualidade

Desde o surgimento das primeiras civilizações, a religião foi peça-chave na compreensão humana da existência do plano físico da matéria no qual vivemos. Com a filosofia grega, iniciou-se através da inauguração da sociedade ocidental, a reflexão em torno de observações empíricas que deu ao homem, uma visão mais coerente da realidade.

Após isso, abriu-se espaço para o desenvolvimento da ciência, através de seus instrumentos, metodologias e aferições de pesquisa, que ao lado da filosofia, esclareceu de modo iniludível, as questões que antes eram explicadas como "obra dos deuses".

Na atualidade, a ciência adquiriu status de importância ou relevância tão grande na sociedade, que contradize-la ou questiona-la se tornou quase que uma temeridade. 

Debater sobre a eficácia de determinadas vacinas ou conclusões relacionadas às mudanças climáticas, gera praticamente o mesmo efeito, sobre questionamentos feitos por pensadores com relação ao poder dos papas na Idade Média.

Alan Sokal posa para foto em entrevista ao jornal espanhol, El País, em 2017 - Foto: Jaime Villanueva/ El País.

Estamos assim, presenciando a ideia de religiosidade científica ou o ceticismo fanático, onde a ciência não pode, em hipótese alguma, ser questionada. 

Hoje a própria Igreja Católica, sinaliza ser muito mais tolerante, que determinados grupos de cientistas, os quais até aceitam serem questionados, desde que os promotores de tal ousadia, tenham títulos acadêmicos de relevância equivalentes ou superiores que o deles. 

Isto é, um cientista, só aceita ser confrontado por outro cientista. Contudo, em boa parte dos casos, isso também tem demonstrado ser insuficiente. 

Alguns especialistas com capacidade técnica suficiente para refutar teses ou teorias de outros pesquisadores, são simplesmente silenciados ou jogados ao limbo do ostracismo, perdendo além de seus empregos, o prestígio e o respeito na comunidade científica, já que defendem prognósticos que afrontam o poder econômico, o qual financia estudos que se moldam aos seus interesses de controle sobre determinados conhecimentos, capazes de gerar grandes lucros.

O fato de algumas das melhores e mais famosas universidades americanas serem privadas e sobreviverem de doações da parte de fundações ligadas a grandes empresas privadas ou famílias tradicionais que fazem contribuições recorrentes a essas instituições, acaba influenciando estudos, pesquisas ou artigos científicos produzidos em seus campi, a adotarem conceitos ou ritos editoriais que se adequam ao desejo de seus doadores.

Foi o que comprovou o físico norte-americano, Alan Sokal da Universidade de Nova York, através de um experimento social realizado por ele em 1996, no qual denunciou que as universidades nos Estados Unidos, acabaram adotando uma linguagem acadêmica na qual somente trabalhos de pesquisa ou artigos científicos, que se enquadrem dentro de uma determinada dinâmica de narrativa, eram aceitos.

Sokal, escreveu um artigo com o título: "Transgredindo as fronteiras: em direção a uma hermenêutica transformativa da gravitação quântica", usando uma série de termos e jargões técnicos politicamente corretos e cuidadosamente elaborados para impressionar, mas que não significavam nada. 

A ciência parece ter deixado a busca por fatos, em troca de narrativas que reforcem o controle de certos grupos dominantes do mundo. Algo que vem dando espaço para cientistas que apoiam crenças, ao invés de respostas para fenômenos ignorados - Foto: iStock/ Getty Images.

Após conseguir que seu texto fosse publicado numa das revistas acadêmicas mais prestigiadas dos Estados Unidos, Alan Sokal, convocou uma coletiva de imprensa na qual fez uma denúncia formal sobre o que ocorria nas universidades americanas, naquela ocasião. A situação, no entanto, muito pouco pode ter mudado, nesse sentido, nos dias atuais.

Ao admitir que todo o seu estudo com relação ao artigo era uma paródia, usada como sátira, Sokal na verdade buscava provar que a comunidade acadêmica estava mais interessada em narrativas, do que em fatos.

Isto é, o físico americano provou com seu experimento, ainda que alguém tente publicar algo cientificamente amparado em circunstâncias reais e verdadeiras, mas que contrariem vieses conjunturais convergentes a parâmetros progressistas, e não sob evidências ou ocorrências científicas, está sob grandes chances de ser sistematicamente ignorado. 

Portanto, se uma pesquisa reforça narrativas progressistas, ela consegue espaço nas revistas acadêmicas, mas se ela desagrada, é vetada - ainda que elaborada sob critérios técnicos rigorosos e embasados em fatos plenamente assertivos, em acordo com parâmetros científicos. 

Confira abaixo, um trecho do documentário da produtora Brasil Paralelo, que expõe esse caso:

O que emerge evidencialmente ao redor dessa conjuntura é que esse comportamento denunciado por Alan Sokal, não está associado apenas a causas militantes ou identitárias, genuínas do meio acadêmico, científico e universitário; está de modo tácito e incipiente, sob influência dos grandes grupos econômicos dominantes globais, sobre os conteúdos publicados nas revistas científicas como um todo.

Pesquisas importantes, porém vistas como irrelevantes, estariam sendo desprezadas por razões econômicas? 

Possivelmente, o elevado número de pessoas diagnosticadas com autismo - mesmo entre adultos - em que não se tem notícia de nenhum estudo independente relevante, o qual esteja pelo menos em andamento e trouxesse alguma resposta quanto a esse tema, leva a especulações que talvez se trate de um caso de negligência científica proposital, por não ser do interesse dos financiadores das pesquisas, em função da busca de uma cura para o distúrbio. 

O crescente número de pessoas com autismo, despertou preocupação do novo governo dos Estados Unidos, o qual determinou que fossem feitas pesquisas sobre o assunto para se descobrir as causas; tendo em vista, que entre o meio científico privado, há um nítido desinteresse pelo assunto, que é tratado com certa naturalidade pela imprensa, de um modo geral.

Algo de tamanha importância e que talvez esclareça a razão para a concessão de tantos Benefícios de Prestação Continuada - BPC - da parte da Previdência Social no Brasil, o qual tem preocupado economistas liberais ortodoxos, em torno do aumento dos gastos com seguridade social no país, e que segundo eles, aumenta o déficit público, gerando incertezas e desconfianças da parte dos credores da dívida pública brasileira. 

Situação similar ao dos casos de autismo, pode estar ocorrendo com relação a pesquisas relacionadas ao clima, da parte de cientistas plenamente convergentes com a narrativa das mudanças climáticas, em que estes, são respeitados e altamente remunerados, e por reforçarem a tese, contam com recursos financeiros para que prossigam com seus estudos. 

Desse modo, se a questão partiu para narrativas, não demorará muito, para associarem o aumento de casos de autismo, às mudanças climáticas. 

Já outros, que discordam de que as alterações meteorológicas estariam se dando em decorrência das atividades econômicas humanas, são silenciados; além de perderem seus empregos e serem desprestigiados. Ou como se diz no meio dos influenciadores das redes sociais, "cancelados".

No Brasil, o exemplo de "cancelamento" científico mais conhecido, é o do ex-professor da Universidade de São Paulo - USP - Ricardo Felício, especializado em climatologia do continente antártico, já tendo feito pesquisas de campo, naquele território por duas oportunidades. 

Ele ficou conhecido, depois de participar do programa de entrevistas do falecido apresentador Jô Soares, ao qual foi convidado por sugestão do ator Juca de Oliveira, em função de Felício discordar do que até então era chamado apenas de, "aquecimento global" - e não "mudanças climáticas", como é atualmente - sendo por isso, considerado um "negacionista climático".

A experiência de Ricardo Felício com a fama após sua participação no prestigiado programa de TV, não foi nada promissora; ele acabou sendo desligado do corpo docente da universidade estadual paulista, cerca de 11 anos depois, por se recusar a ministrar aulas em home office, em decorrência da pandemia de Covid-19, à qual chamou de "fraudemia". 

As declarações do professor demitido, foram consideradas outro agravante pela comunidade acadêmica e científica, devido ao fato de Felício ter posto em dúvida, a natureza do vírus SARS-CoV-2 causador do coronavirus; além da eficácia das vacinas, às quais chamou de, "remedinhos experimentais". A alegação da USP para a demissão de Ricardo Felício, foi devido a "faltas" ou absenteísmo laboral.

Felício argumenta que os instrumentos e metodologias de pesquisa sobre o clima são falhos e não atendem satisfatoriamente a requisitos científicos básicos que deem maior confiabilidade aos resultados apurados. 

Ele também diz que o clima global, obedece a ciclos e que o planeta já passou por períodos em que se aqueceu mais do que agora, com registros de aumento na intensidade de CO2 na atmosfera, em fases da história geológica da Terra, em que nem haviam humanos vivendo no mundo, vindo depois a ficar completamente congelado em épocas seguintes.

Um estudo publicado recentemente por uma revista científica chinesa - o que portanto sugere se tratar de uma publicação sem vícios de influência militantes ou progressistas os quais corroborem teses de grupos econômicos dominantes - confirmou a constatação do professor Ricardo Felício, ao certificar que o gelo da Antártida registrou aumento de tamanho e densidade com ganhos de massa consideráveis e recordes, entre 2021 e 2023. 

Antártida: Acompanhamento de geleiras no processo de derretimento, antes visto como definitivo, pode ser reversível - Foto: David Merron/ Getty Images.

Espiritualidade, ceticismo religioso e o quase fanatismo científico do "sou ateu, graças a Deus"

Apesar do registro de um expressivo aumento no número de pessoas que frequentam algum tipo de culto religioso, essencialmente entre cristãos católicos, o secularismo tem sido a marca na sociedade contemporânea nesta terceira década do Século XXI, e no meio científico, isso se tornou algo ainda muito mais incisivo. 

Tanto que pesquisadores religiosos e que afirmam acreditar em Deus, também sofrem algum tipo de discriminação e preconceito de outros, ateus ou céticos, vindo com isso, a ter seus trabalhos não muito bem aceitos, especialmente, quando envolve fenômenos ufológicos.

Este é o caso do professor universitário, engenheiro eletrônico de computação, mestre em física e pesquisador, Rony Vernet, o qual recentemente se destacou, após produzir um documentário sobre a pesquisa ufológica de campo que fez, realizada no interior do estado do Acre. 

Vernet fez registros em vídeo, de fenômenos que a princípio, se acreditava ser de seres alienígenas extraterrestres, mas que ele está convencido, não se tratar somente disso. O pesquisador já participou de algumas entrevistas de podcasts no YouTube, apresentando farto material em vídeo, sobre a aparição de orbes iluminados que invadiram uma aldeia indígena no interior da floresta amazônica. 

O diferencial da pesquisa de Rony Vernet, é que ele não se prende apenas a questões que envolvam o avistamento de naves alienígenas, como a ufologia tradicional costuma pesquisar. 

Vernet leva em consideração inclusive, relatos sobre aparições de seres, de possíveis outros planos físicos ou "dimensões" - mais sutis e sublimes de matéria - lidos na ótica religiosa ou espiritualista como, mundo espiritual; embora ele procure manter o distanciamento científico necessário, para não se envolver emocionalmente com os fenômenos observados em suas pesquisas.

São ocorrências que de certo modo, se associam até, a circunstâncias entendidas pelo folclore popular, como na associação dos orbes luminosos que o próprio Rony Vernet registrou em vídeo, conhecidos por sertanejos ou residentes das áreas rurais do Brasil, como "mãe do ouro". 

O caso dos orbes investigados no Acre por ele, se assemelham muito, a outros registrados pelas Forças Armadas do Brasil, por volta de 1977 em Colares, no estado do Pará, e que ficaram conhecidos como "Operação Prato".

O "chupa-cabras" da década de 1990 e que também, foi objeto de pesquisa de Rony Vernet, sobre outro caso semelhante no estado do Ceará, há poucos anos atrás, envolveu uma criação de porcos, os quais foram cortados com precisão cirúrgica, já cauterizados, não aparentando por isso, nenhum tipo de sangramento.

Mas ele não é o único que estuda a ufologia também pelo foco que abrange outros fenômenos associados; um grupo de pesquisadores tem feito um trabalho interessante e que vem sendo exibido por meio de episódios em formato de reality show pelo History Channel, desde 2020, no rancho Skinwalker, no estado norte-americano de Utah.

Os fenômenos conhecidos como poltergeists costumam acontecer e são muito associados ao aparecimento de OVNIS, além de outras atividades paranormais em que também ocorre casos de animais mutilados, como na ocorrência dos porcos, investigado por Rony Vernet no Ceará e que no caso do rancho Skinwalker, se trata de gado bovino. 

Enfim, fenômenos que a ciência não explica ou não tem interesse em explicar, mas que também ignora, principalmente em tudo que se relacione ao trabalho de outros pesquisadores, os quais corajosamente saem à campo, para investigar casos que cientistas mais proeminentes descartam com veemência; um desinteresse que se aproxima muito de uma crendice - afinal, quando a crença ou descrença sobre determinado fenômeno, supera o interesse científico, considera-se não haver razões para estuda-lo. 

A possibilidade da existência de vida inteligente e mais evoluída, seja do ponto de vista moral, científico ou tecnológico que os humanos, é sistematicamente descartada por grande parte dos cientistas. Em muito, isso possivelmente se deva, por uma questão muito simples: 

Como a ciência na atualidade demonstra estar muito voltada aos interesses econômicos dominantes globais, a ideia de seres alienígenas com essas características, desperta temores de que em algum momento no futuro, haja perda do controle sobre a população da Terra, da parte desses grupos que controlam grandes empresas ou fluxos de capitais, após o primeiro contato formal deles com a humanidade.

Talvez por isso, a incidência cada vez maior de avistamentos de naves com tecnologia desconhecida tenham aumentado, concomitante ao silêncio quase absoluto de autoridades científicas ou governamentais - já que da parte dos governos, o temor seria a vulnerabilidade de tecnologia militar em relação à dos ETs.

Concomitante à isso, a guerra de narrativas procura desconstruir versões triviais, onde argumentos alternativos são postos em evidência, tais como possíveis tecnologias militares desconhecidas, originárias tanto dos Estados Unidos ou de qualquer outra potência militar do planeta, onde até o Brasil, não é descartado ao redor dessas hipóteses.

Nuvem em formato de "disco voador" é fotografada no céu do Rio de Janeiro em 3 de abril de 2024 - Foto: Reprodução/ Redes Sociais via CNN Brasil. 

Do mesmo modo, líderes religiosos cristãos, essencialmente entre evangélicos ou pentecostais, simplesmente ignoram a ideia da existência de seres extraterrestres - pois tal ideia, entraria em conflito com toda a doutrina que pregam e o temor, é que isso afugentaria fieis das igrejas e então, houvesse perdas na arrecadação de doações da parte de lideranças dessas religiões cristãs. 

Em contrapartida, o Vaticano, além de reconhecer a possibilidade de existência de seres originários das estrelas, estaria até, elaborando um protocolo com toda uma preparação dos católicos, frequentadores de suas igrejas, para um possível evento futuro de contato entre alienígenas e a humanidade.

Portanto, nota-se ainda, movimentos que extrapolam o meio científico, que estão muito apegados a tudo aquilo que se refira a questões físicas da realidade material, onde o pleno rigor assentado no ceticismo exacerbado, não é nada além dos interesses de grupos que controlam determinados nichos de público, os quais temem a perda desse controle, pelo simples fato de que a presença alienígena na Terra, desminta, desmistifique ou desconstrua, teorias, doutrinas e narrativas das quais se amparam, para manter seus domínios e negócios.  

Desse modo, sejam aqueles que se encontram nas cimeiras globais e cientistas alinhados a seus interesses, ou líderes religiosos de denominações cristãs antagônicas ao catolicismo, além de ufólogos e até coachs, que vivem de publicações, palestras ou monetização de canais de vídeo e podcats na internet, todos têm um motivo bastante forte para serem céticos, ou seja, razões financeiras.

Logicamente, apesar de estarmos falando de ceticismos distintos, guardadas em suas devidas proporções, e por mais contraditório que possa parecer, ateus possuem algo em comum, com os céticos evangélicos, pois ambos não acreditam na vida após a morte.

Apesar de uma das partes, não crer na existência de Deus ou do demônio, e no caso evangélico, isso se dar por amparo bíblico, como em Eclesiastes 9:5 - pois "os mortos nada sabem" - ou não teriam consciência (de acordo com esse trecho bíblico), o que mais parece importar é o apego material a narrativas que garantam seus lugares de fala.

A ideia de ressureição dos mortos prevista no Apocalipse reforça essa noção, de que os mortos, estariam inconscientes e não vivendo em outro plano de existência física mais sutil, seja astral ou espiritual, por não haver o reconhecimento de que outras realidades, além da nossa, possivelmente existam.

Líderes religiosos cristãos, evitam falar sobre temas ufológicos, pois temem perda de influência sobre fiéis, devido a hipótese de que a possível existência de seres alienígenas, possa comprometer suas doutrinas e isso acarretar em evasão de membros com a consequente redução da renda de suas igrejas, através de doações - Foto: iStock/ Getty Images.

Nessa dinâmica, ambos os céticos, sejam ateus ou cristãos evangélicos, descartam qualquer possibilidade de vida alienígena que extrapole limites teológicos ou da ciência como a conhecemos, que ponha em risco, interesses dominantes dos grupos globalistas, aos quais parte da comunidade acadêmica está a seu serviço, além de outros interesses menores ao redor de tudo isso, tais como religiosos, já citados.

Então, o meio científico padece de uma inércia ou omissão programada e proposital, ao rejeitar fenômenos os quais não sabe explicar e tampouco, se interessa em pesquisa-los; enquanto descredibiliza trabalhos de outros pesquisadores, que por se assimilarem muito a nichos do conhecimento popular ou espiritualista, se colocam em razão disso, como alvos até de zombaria ou sarcasmo. 

O próprio Alan Sokal, em entrevista ao jornal espanhol El País em 2017, disse que "o pior adversário da ciência, são os agentes de relações públicas, os políticos e as empresas que os empregam", uma frase portanto, que resume tudo o que há por trás de tanto zelo por conceitos doutrinários ao pior estilo religiosamente cético e científico, onde o que vale, são narrativas, ideologias e não, fatos a serem estudados.

Inteligências artificiais: tecnologias a serviço das classes dominantes através do controle de massas?

O pesquisador e neurocientista brasileiro, Miguel Nicolelis, é um dos maiores críticos das inteligências artificiais. Para ele, trata-se de tecnologias que nada mais são que algoritmos anabolizados que apenas servem de marketing para explorar o trabalho humano. 

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em julho de 2023, Nicolelis explanou que o ChatGPT não pode concorrer com a mente humana, pois é resultado de milhões de anos de evolução, que não podem ser computados em códigos binários, isto é, na linguagem dos computadores.

Miguel Nicolelis trabalha há 30 anos com redes neurais, mecanismo por trás dos algoritmos de aprendizado de máquina. Ele desenvolveu neuropróteses, capazes de recuperar movimentos do corpo para pessoas vítimas de paraplegia ou tetraplegia. Ficou conhecido após um cadeirante chutar a bola ao gol, com auxílio de um equipamento desenvolvido por ele.

Miguel Nicolelis pesquisou exoesqueletos que ajudaram pacientes, antes em cadeiras de rodas, a dar os primeiros passos - Foto: Bruno Santos/ Folhapress.

O que Nicolelis afirma, é que há o desejo das classes dominates, às quais ditam as regras de mercado, de que a tecnologia seja usada para a total substituição humana, nas funções produtivas - e não como uma mera ferramenta de auxílio que melhore o desempenho da produtividade no trabalho. 

Um exemplo claro do que o neurocientista brasileiro diz, foi o caso da Amazon nos EUA, que após sofrer uma enxurrada de processos trabalhistas, devido às más condições de trabalho, demitiu grande parte de seus funcionários e os substituiu por robôs.

Além disso, estudos que visam afirmar a comprovação da obsolescência humana com relação às máquinas, são publicados periodicamente, e podem ter exatamente a intenção de legitimar a troca de mão-de-obra humana por máquinas; este pode ser o caso do relatório apresentado no último dia 5 de maio, feito por entidades privadas brasileiras, tais como: Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho e Instituto Unibanco em parceria com a Unesco e o Unicef.

O estudo revelou que 29% da população brasileira, seria composta de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que apesar de formalmente alfabetizadas, não conseguem interpretar textos simples, ou efetuar cálculos matemáticos de média complexidade, ou mesmo, básicos. 

O resultado, é que a partir da publicação desse relatório, uma enxurrada de pessoas, autodeclaradas "preocupadas" com a situação, se manifestaram em artigos nos jornalões do país, logicamente, sem deixar de associar o caso em comparação com tantas tecnologias que só são dominadas mesmo, por seus próprios criadores e as empresas em que estão empregados.

Portanto, trata-se de mais um estudo que reforça a narrativa de que o ser humano já estaria ultrapassado pelas máquinas e que não há nada que se possa fazer para reverter o quadro, enquanto bilhões de dólares são gastos, em fontes de energia e data centers para abrigar o consumo monstruoso de recursos que as inteligências artificiais consomem para o processamento de dados, concomitante ao quadro cada vez maior de abandono da educação pública, que embora seja lembrada, está na prática, cada vez mais desprezada.

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