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Quatro Nobres Verdades

Pouco mais de dois mil anos antes que Sigmund Freud ou Carl Jung adotassem métodos de investigação científica, sobre os mais variados dramas humanos, genuínos do nosso comportamento; e dentro do melhor estilo cartesiano de René Descartes -que o desenvolveu ainda no Século 17- já se havia experimentado uma técnica metodológica bastante similar e não menos eficaz.

Desse modo, certo príncipe de uma região que antes pertencia à Índia (e hoje é parte do atual território do Nepal), descobriu de modo científico, através de práticas de meditação voltadas à espiritualidade, como curar medos e traumas que causam sofrimento.

Na história universal, talvez não tenha havido alguém tão esmerado em refletir sobre o sofrimento humano, e conseguido resultados tão surpreendentes, ao ponto de inspirar o surgimento de uma nova religião por meio de seu estudo, quanto Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda.

Keanu Reeves, vive a história de Sidarta Gautama no filme "O Pequeno Buda" de 1993 - Foto: Reprodução.

Um método extremamente simples e que por se tão comum, fez Buda ficar por anos sem conseguir o domínio de sua técnica. Porém, se não entendermos a história de sua vida, não podemos compreender como ele chegou aos resultados alcançados.

A certeza da existência do sofrimento

Sidarta Gautama, nasceu filho de um rei e de uma rainha, vivendo como príncipe desde a sua infância, passando por sua juventude a até boa parte de sua vida adulta, sem nenhum conhecimento da vida real. Cresceu em meio à tanta proteção e conforto, que depois de homem feito chegou a duvidar que pessoas sofriam pelas mais variadas razões. 

A ausência de experiência sobre as dificuldades inerentes à vida humana, lhe imprimiu uma inocência e ingenuidade tão fortes, que foram exatamente essas características, que o ajudaram a conseguir a compreensão mais isenta e imparcial possível, sobre o sofrimento.

Por mais contraditório que tal situação possa parecer, é justamente a ausência de malícia e astúcia nos meandros das relações humanas -sejam elas interpessoais ou internas (consigo mesmo)- se fez como o grande diferencial para que Buda descobrisse, de modo isento de paixões, as verdadeiras causas para a existência e as origens do sofrimento.

Em suas saídas ocultas do palácio onde vivia, acompanhado do cocheiro com quem fez amizade, Sidarta Gautama pôde compreender através da observação empírica, no modo de vida simples de seu povo, como o sofrimento lhes afetava em diferentes circunstâncias peculiares, a cada indivíduo.

Nessas andanças pela realidade dos dramas humanos, Buda enfim, conheceu como o sofrimento é causado pelas mais variadas condições; seja por falta de comida, por doenças ou mesmo a velhice e a morte. 

Algo que mexeu tão forte com ele, que o motivou a deixar sua família e a vida confortável que tinha, para tão somente se dedicar ao propósito de vencer o sofrimento. Mas para isso, Sidarta precisou experienciar ele próprio, o sofrimento, para então poder vencê-lo.

Primeiro ele se juntou a um grupo de ascetas (pessoas dedicadas a práticas espirituais de uma pequena seita hindu); seus membros faziam os mais estranhos e extravagantes propósitos de vida, na busca por evolução espiritual. 

Buda em especial, decidiu que se alimentaria das fezes dos animais de pasto, que ruminavam próximos dali. Seu estado físico ficou em condições tão deploráveis, que ele se viu muito perto da morte. 

Assim, de acordo com sua história, ele teria visto um homem num barco no meio do rio, afinando um instrumento musical de cordas, quando percebeu que algumas delas haviam se rompido pelo fato de o homem as esticar demais.

Desse modo, Buda tirou um precioso ensinamento do que viu; e compreendeu que em sua prática espiritual, se ele "esticasse muito as cordas", logo elas se romperiam, tal como ocorrido com o instrumento musical do homem na barca. E nisso, ele fez a comparação, percebendo que poderia morrer.

Por outro lado, Buda também entendeu que se as cordas do instrumento musical, estivessem frouxas demais, não seria possível tocar música alguma nele, e assim, comparativamente, não haveria nenhuma experienciação espiritual prática a ser desenvolvida. 

De todo modo, ele passou a observar a importância do equilíbrio, ou como é chamado no Budismo, "o caminho do meio".

Guerras geram crianças órfãs, miseráveis, famintas e por assim dizer, sofrimento; aqueles que promovem guerras, estão gerando sofrimento para milhões de pessoas; de acordo com a doutrina budista e hinduísta, quem provoca dor ao semelhante, pode vivenciar do mesmo sofrimento imposto - seja no futuro (ou em uma vida vindoura) até quitar sua "dívida universal" e ser reestabelecido o "equilíbrio"; é o chamado Karma ("ação" - em sânscrito) - Foto: Reprodução. 

A mesma analogia pode ser feita também sob o olhar do Cristianismo, quando Cristo crucificado, ficou exatamente em meio a outras duas cruzes nas quais haviam dois homens (um à sua esquerda e o outro, à sua direita). Por essa concepção, quando Jesus afirma: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida", não o fez por acaso.

Tudo isso, pode corroborar o consenso no mundo esotérico, o qual diz que Jesus aos 12 anos de idade, logo após se perder (e ser reencontrado) por seus pais no Templo judeu em Jerusalém, teria sido adotado por José de Arimatéia, que o teria levado à Índia para estudar o Budismo. 

Algo que em tese, explicaria seu "sumiço" nos Evangelhos até os 30 anos de vida. Certamente por isso, a mensagem de Jesus foi tão revolucionária para os padrões judeus daquela época, que chegou a escandalizar autoridades eclesiais judaicas em seus dias, o levando a ser morto por uma pena capital através do Estado Romano. 

Causas do sofrimento

Desse modo, Sidarta Gautama aprendeu sua primeira e grande lição, que é o desapego de práticas que podem nos arruinar, por mais bem intencionadas que sejam. 

Esta talvez, seja a grande diferença entre a renúncia (visto em seu ato de deixar o palácio e sua família), e o desapego (encerramento de determinadas práticas - mesmo aquelas que consideramos corriqueiras ou naturais; e sem que tenhamos consciência, nos causa sofrimento).

Trata-se portanto, do mais precioso entendimento do que nos causa o mal, para então, discernirmos sobre como ele nos afeta e o que é preciso fazer para que não mais soframos em decorrência dele. 

Com base em suas experiências pessoais, Buda enfim compreendeu que o sofrimento tem origens em formas bastante sutis, e outras nem tanto assim. A própria vida, em suas diferentes fases, de acordo com ele, ocorre com sofrimento. Assim sendo: 

Nascer, causa sofrimento;

Crescer, causa sofrimento;

Envelhecer, causa sofrimento e

Morrer (em boa parte dos casos) também causa muito sofrimento.

No entanto, a vivência cotidiana indica a tendência humana pela fuga do sofrimento; que nos leva ao apego das paixões e essa prática resultar em mais sofrimento. Mas a paixão é apenas o meio pelo qual se dá seu verdadeiro fim: a busca incessante pelo prazer. 

A ânsia por experimentar sensações de prazer e não ter meios para tal; ou o medo de perder fontes de prazer (que também envolve o apego ao convívio com entes queridos e períodos felizes da vida), também podem ser fontes geradoras de sofrimento.

São situações que levam o indivíduo, a viver sempre em estado de insatisfação; e essa condição vivida de forma constante, ser outra fonte que induz uma pessoa a sofrer permanentemente. 

E assim, ao redor de tais reflexões, Buda chegou às Quatro Nobres Verdades:

A primeira delas, é a existência do sofrimento

A segunda, é a origem ou as causas do sofrimento

A terceira, é a certeza de que o sofrimento pode ser cessado

A quarta verdade, é o caminho que leva ao fim do sofrimento.

Por outro lado, é importante lembrar que a busca por subterfúgios para a fuga do sofrimento, é o que pode trazer ainda mais sofrimento a uma pessoa que não se dedique a olhar para sua própria essência ou psique. 

Muitos buscam fugir de seus dramas internos, impondo e imputando sofrimento a aqueles que lhes são próximos.

O desejo de uma posição de superioridade com relação aos demais, e as disputas de poder desencadeadas ao redor das práticas alçadas a esse fim, é o principal fator gerador de sofrimento provocado contra outras pessoas.

O sentimento da inveja por sua vez, é um dos maiores ou senão, o maior dos atributos que provocam rivalidade e disputas de poder entre indivíduos ou partes opostas.

O desejo em ocupar o lugar de outro, e pelo lado oposto, o medo de perder o lugar ocupado para alguém visto como de personalidade mais dinâmica, é o que movimenta ações antagonistas e dicotômicas, às quais acarretam em desgastes e sofrimento para ambos os lados, ou ainda, para terceiros (direta ou indiretamente envolvidos).

Vícios e comportamentos de constante desregramento, seja através do consumo de álcool, drogas ou práticas libidinosas, também são modos triviais de fuga do sofrimento; algo que faz uma pessoa desejar doses cada vez maiores de dopamina (o hormônio da felicidade) no uso desses recursos, para se sentir bem consigo mesmo e assim, fugir da sensação de insatisfação e sofrimento.

Arte iconográfica da chamada "Roda de Samsara", que representa os ciclos reencarnatórios. Um espírito quando escarnado que provoca muito sofrimento a outros, estaria suscetível a viver esse interminável ciclo cármico. Aquele que rompe com esse ciclo, conseguiria assim, a "iluminação espiritual"; e não mais necessitaria reencarnar - Foto: Reprodução.

A vaidade, é o que verdadeiramente mais influencia um indivíduo ao desejo de se tornar superior aos outros; porém, de modo inverso, a vaidade também pode induzir pessoas a adotarem comportamentos totalmente opostos, quando algumas delas se portam de modo pobre e desprovido de luxos.

No ímpeto de serem vistos como "humildes" (ou desprovidos da vaidade em possuir bens tangíveis - mas não outros, de natureza abstrata e sem substância material), surge o mero desejo de aceitação ou pertencimento social a um grupo, que move a vaidade da busca por uma humildade vazia e desprovida de práticas espiritualistas. 

É o que pode ser percebido em práticas religiosas fanáticas tais como os próprios ascetas com os quais Buda se juntou no início de sua jornada espiritualista.

O ego

Em todos esses aspectos, seja por meio da vaidade que busca ostentação de poder ou naquela em que a pessoa deseja demonstrar simplicidade ou humildade exagerada, o ego é o principal fator que motiva indivíduos a adotar tais comportamentos.

Rajneesh Chandra Mohan Jain, mais conhecido como Osho, foi um guru indiano que ficou muito famoso nos Estados Unidos durante a década de 1980, e definiu o ego como o "falso eu". De acordo com Osho, o ego seria tudo o que nos tornamos durante a vida, ao sermos condicionados por padrões de comportamento, culturas e hábitos nos ambientes que nos cercam.

Em suma, o ego (falso eu), nos leva até mesmo a almejar circunstâncias ou objetos de valor material que não nos acrescenta nada, enquanto seres espirituais, quando vivido em experiências no plano físico e denso da matéria.

Em todos esses aspectos, o ego é a força motriz que movimenta corações e mentes humanas ao propósito de se sentirem como seres especiais, em meio a uma miríade de pessoas dotadas em maior ou menor proporção, do mesmo objetivo, dentre os mais variados matizes de personalidade.

Portanto, o desejo, leva à inveja que por outro lado, são produtos da vaidade e dos enganos provocados pelo ego. Nesse ponto, esotéricos e espiritualistas de um modo geral, são unânimes em afirmar a toxicidade de relações humanas sustentadas por tantos sentimentos nocivos e extremamente danosos, os quais têm como consequência, o sofrimento.

Ninguém definiu melhor o ego que o guru espiritual, Osho
que viveu nos EUA, na década de 1980 - Foto: Reprodução/ 
Pensador.

Medos, traumas e crenças limitantes ou situações onde o indivíduo se encontra no que é chamado de "zona de conforto" (ambientes onde há sofrimento, mas existe um certo comodismo, por conta de uma falsa sensação de segurança e se tratar de algo conhecido) são sentimentos que terminam na adoção de comportamentos de autossabotagem e que também são aspectos absorvidos durante a vida de uma pessoa, influenciados pelo ego.

Meditação

Há muitas definições sobre o que vem a ser meditação na Internet, no entanto, boa parte delas fala do assunto de modo difuso e genérico, além de se tratar de um conceito mais apropriado para iniciados com larga experiência no hábito da meditação e que já alcançaram um certo grau evolutivo através de sua prática. 

Para quem nunca meditou e não tem ideia do que fazer durante a meditação, as definições encontradas em pesquisas no Google, mais confundem do que esclarecem, sobre o que de fato é a meditação. Por isso, a melhor forma de começar a prática (e se manter nela) é relaxar. 

Sentar-se no chão de pernas cruzadas com o auxílio de uma almofada, é o modo mais apropriado para se iniciar a prática; após isso, relaxar o corpo é a primeira observação a ser feita, sendo que o corpo todo deve estar totalmente relaxado.

Assim é preciso ficar atento se não há nenhum músculo rígido ou tensionado, principalmente nas mãos, braços e pernas. 

Fechar os olhos pode ajudar na concentração. A respiração também é um dos pontos chave para iniciar a prática meditativa; muitos mestres de yoga recomendam três respirações profundas e fortes; sempre aspirando o ar pelo nariz e soltando-o pela boca. 

Porém isso não precisa ser uma regra; o importante é respirar e acompanhar a cadência respiratória; sentir o ar entrar pelos pulmões e soltá-lo, tanto pela boca, quanto pelo próprio nariz. 

Mas o maior erro que o iniciante comete quando começa a prática da meditação, é querer controlar a mente de modo a tentar paralisar qualquer tipo de pensamento que lhe vier acometer. Esse erro acaba por deixar a pessoa desconfortável e então, ela não consegue se manter relaxada.

Portanto, não se deve tentar controlar os pensamentos, apenas observa-los. E o mais importante! Não se envolver emocionalmente com eles; se algo vier a perturbar a quem medita, a melhor forma de enfrentar a perturbação é observar que tipo de incômodo, determinado pensamento ocasiona. 

Analisar os sentimentos ocorridos, ao redor dos pensamentos que surgem (de modo incontrolável) durante a meditação, é o primeiro passo para a auto observação proposta pela prática meditativa. 

Desse modo, o melhor a se fazer é relaxar; deixar que os pensamentos fluam naturalmente, sem tentar controla-los e nem tampouco, se envolver emocionalmente com eles; procurar não "discutir" com a mente sobre questões que causem incômodo; apenas observar o pensamento e deixar que ele passe.

Analisar os pensamentos de modo honesto, isento e isonômico (consigo mesmo), é o melhor modo de não se envolver emocionalmente com eles no decorrer da meditação, e assim, esquecê-los de vez. Com isso, a prática constante leva a um relaxamento natural, e logo, os pensamentos não interferirão tanto no processo. 

Caminho Óctuplo 

O Caminho Óctuplo nada mais é que a Quarta Nobre Verdade difundida por Buda. Assim sendo, certo da possibilidade de cessação do sofrimento, Sidarta Gautama compreendeu a necessidade de se traçar um cronograma para se chegar a tal objetivo. 

Ele entendeu através de suas longas práticas de meditação que a melhor forma de se alcançar o fim do sofrimento, é o desapego ao sentimento da insatisfação perene. 

Para isso, Buda concluiu que uma das formas mais eficazes para se desvencilhar da insatisfação, é não se envolver emocionalmente com os extremos das proporções opostas (dualidades) de cada situação ou aspecto humano, vivido em suas mais variadas nuances.

Dessa forma, a meditação como prática de auto observação individual, é a principal ferramenta que nos leva a um ponto de equilíbrio, onde as vontades, tentações e vicissitudes às quais assombram nossos dramas internos, não adotam qualquer posicionamento dual; sendo apenas aspectos observados onde a imparcialidade consigo mesmo, se faz como a mais importante manifestação de honestidade para com nossos próprios sentimentos. 

Como vimos anteriormente, a observação dos sentimentos desencadeados por pensamentos involuntários e incontroláveis permeados em nossas mentes, durante a meditação, é o que a torna peça chave para se conseguir a devida abstração que neutraliza sentimentos tóxicos que nos manipula e nos são comuns, dentre as peculiaridades do ego. 

Nessa perspectiva, encontramos um modo de tratamento para as doenças da alma (ou do espírito), de tal maneira, que através dele, torna-se possível conseguir gradualmente a cura de males sutis internos, genuínos dos seres humanos. 

E dentro dessas sutilezas alcançadas, Buda chegou ao Caminho Óctuplo. Uma espécie de "receita de bolo" com oito recomendações sobre como devemos nos portar para chegarmos ao ponto de não mais sofrermos por situações, que em grande parte dos casos, não podemos mudar por iniciativa própria. 

Oito compromissos assumidos com nossa própria essência, que pode nos tornar pessoas, praticamente imunes aos sentimentos mais fortes do sofrimento. São eles:

  1. Compreensão correta
  2. Pensamento correto
  3. Fala correta
  4. Ação ou atitude correta
  5. Meio de vida correto
  6. Esforço correto
  7. Atenção correta
  8. Concentração Correta.
Uma vez conhecido o passo a passo para o tratamento espiritual interno que possibilite o fim da sensação de insatisfação que provoca o sofrimento, é preciso esmiuçar cada uma das etapas do processo:

Compreensão correta - é alcançada a partir da meditação onde ocorre a depuração de sentimentos tóxicos que deturpam o que verdadeiramente causa o sofrimento.

Pensamento correto - tornado possível a partir da compreensão correta que por sua vez é consequência direta da meditação e do auto exame dos sentimentos que rondam os pensamentos advindos no processo meditativo.

Fala correta - advém da necessidade percebida pelo iniciado nas práticas da meditação, também como parte da depuração de sensações ruins provocadas pelos sentimentos tóxicos ocasionados em sofrimento.

Templo budista em Maringá, no interior do estado do Paraná - Foto: Secretaria de Cultura/ Prefeitura de Maringá.

Ação correta - trata-se do resultado dos três pontos observados anteriormente, onde o iniciado consegue perceber as atitudes mais assertivas a serem tomadas, dentre as situações pelas quais vive, mesmo as mais desafiadoras.

Meio de vida correto - é o modo pelo qual a pessoa realiza seus empreendimentos para obtenção da justa e honesta remuneração do seu trabalho; contudo é importante dizer que se o iniciado está mesmo determinado a alcançar o fim do seu sofrimento, deve se comprometer de fato a fazer trabalhos idôneos, e que não apenas aparentem ou tenham fachada de honestidade. 

Esforço correto - também está associado ao aspecto anterior, mas que abrange a outras realidades da vida do iniciado, tais como: a convivência com a família e a comunidade onde vive. É a continuidade da observação (na prática), do que é sugerido no campo intangível da meditação.

Atenção correta - a filtragem do essencial no processo de cessação do sofrimento, que não permita desvios; ou que ao menor sinal de melhora dos sintomas de sofrimento, o iniciado negligencie em sua postura e volte ao seu estado anterior de ações pautadas pelo ego.

Concentração correta - é o resultado de todos os pontos anteriores observados, os quais naturalmente conduz o iniciado ao resultado esperado; a imunidade ao sofrimento. 

Portanto, de acordo com a doutrina budista, o iniciado que põe em prática todas essas observações, pode chegar a um estágio evolutivo, onde se vê despido de qualquer tipo de pensamento; ou numa condição de completa ausência de pensamento e sentimentos. 

Para budistas ou hinduístas, uma pessoa que atinge tal nível de evolução interna, alcança o chamado "nirvana" ou a iluminação espiritual. Por fim, o Budismo nos traz a mais primorosa de suas mensagens resumida em uma única frase: 

"A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional".  

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