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Estrangeirismo em voga, "coaching"

 Atualmente no mundo "mágico" de sonhos e fantasias da realidade corporativa de gestão e liderança, seja das empresas ou da Administração de um modo geral, e que passou por seguidas fases em que procurou sempre se reinventar, se dá por uma palavra nova que está em voga, dentre os modismos efêmeros do momento: "coach" ou "coaching", são termos que se tornaram as novas vedetes moderninhas de hoje. Mas qual é a diferença entre a palavra vista em seu formato substantivo ou no gerúndio? Isso pouco importa! 

 Tão importante como o emprego de técnicas sutis de embromação e bravata, é a busca por se parecer moderno, apenas pelo uso dos manjados termos em inglês, tão comuns e recorrentes nos recintos empresariais, quanto o hábito de parar o serviço para tomar o famoso cafezinho e botar as fofocas em dia, no ambiente de trabalho.

 Principalmente ainda, aqueles que vivem disso nos eventos elaborados aos segmentos de público a que se destinam - os quais lotam auditórios e centros de convenções, com a contrapartida da compra de suas caras credenciais de acesso. 

 O termo "coach" ou "coaching" tão requisitado aos administradores, gestores, diretores, gerentes, líderes, chefes e patrões da atualidade, pode ser novidade agora (em pleno ano de 2017), porém, seu uso possivelmente seja tão antigo quanto se dizer "i love you" ou "help". 

 E como sempre nessas situações, o mimetismo brasileiro, dita as regras ao pior estilo nacional do uso indiscriminado copista ("Ctrl C/Ctrl V"), de todas as baboseiras já criadas por americanos, para em razão disso - como não poderia deixar de ser -, estar sujeito a habitualmente se adaptar ao "jeitinho brasileiro".

 Muitos se arriscam a se auto intitularem "coachs", sem nem ao menos terem algum tipo de experiência cuja metodologia de trabalho tenha feito a diferença em algum projeto tocado por eles; os quais por sua vez, tivessem obedecido a critérios rigorosos de pesquisa, observação empírica e testes que comprovassem alguma tese à qual melhorasse práticas de gestão corporativa das empresas com resultados táteis. 

 E o que é mais grave: antigos preletores (profissionais do empreendedorismo de palco), os quais sempre ganharam a vida com palestras motivacionais e de auto-ajuda, agora se adaptaram ao termo e também se dizem "coachs". De repente com isso, uma legião de autores sobre liderança e gestão, passaram (do nada), a fazerem uso do termo estrangeiro em suas publicações e obras literárias, para demonstrar estarem atualizados com as últimas tendências do momento, sem preocupação alguma com resultados efetivos e comprovados. 

 Aliás o estrangeirismo exacerbado é a marca dessa gente, que faz uso intenso do referido recurso, também como objeto que entoa uma sugestiva aparência moderna a seus discursos tipo "baba de calango". 

 O lado chato e ruim de tudo isso é que os próprios cursos de graduação em Administração, também há muito, se curvaram a essas vicissitudes recorrentes do apelo à prática do uso de termos estrangeiros, na ministração de aulas para com os seus corpos discentes. 

 "Headhunter; meeting, workshop, stakeholders; networking ou teambulding", são algumas das pérolas usadas no ambiente acadêmico servíveis apenas para encantar alguns (ou confundir a cabeça de outros; graduandos incautos e pouco dispostos aos estudos).

 A primeira vez em que este blogueiro tomou conhecimento da palavra "coach", se deu ainda em sua infância quando nas transmissões de TV da Copa do Mundo de 1986 realizada no México, quando a geradora das imagens da Fifa exibia a escalação das seleções de futebol (representantes de seus respectivos países), no início das partidas do torneio mundial, em que apresentavam também, os técnicos das distintas seleções com seus nomes, e abaixo deles, a expressão "coach" escrita no gerador de caracteres.

 O sincretismo verbal que mescla termos em inglês ao nosso idioma, no uso dessas expressões portanto, nada mais indica a tendência ao mimetismo copista do ambiente empresarial, transferido previamente ao meio universitário e que pouco está preocupado com o que a essência de termos "bonitos", como estes, verdadeiramente querem se referir na prática. 

 O "coach", nada mais se trata que a representação pura e simples de um trabalho que pode lá ter sua comprovação científica certificada, mas que no Brasil, apresenta sérias e graves evidências de ter sido desvirtuada de seu verdadeiro fim.

 São exageros que em nada contribuem, significativamente de modo efetivo e prático no dia-a-dia de quem trabalha e vive o ambiente corporativo, dentro de uma realidade bem distante dos contos de fadas criados, como fábulas e mitos, muito mais para se criar um falso clima organizacional de sucesso, que propriamente algo que venha a elevar de fato os ânimos das equipes.

   Ilustração: http://www.ivoviuauva.com.br/tag/empresa/

 Na busca pelo resultado que realmente interessa a todos, e que não é apenas o sucesso da empresa, o que menos parece importar no manjado recurso do uso de expressões estrangeiristas, é o que cada membro de uma equipe lucra após o alcance do resultado perseguido (além de uma mera garantia de continuidade no emprego - ou não); é sobretudo, o sucesso de cada um dos envolvidos no processo, e que está cada vez mais distante das realidades de gestão entre lideranças e liderados.

 E dentro dessa "brainstorming" de ideias e concepções pré-fabricadas ou semi acabadas, o que menos interessa são oportunidades que venham a de fato agregar conhecimento e experiência aos nossos encorajados e motivados futuros administradores. 

 Vender o próprio "peixe" de cada um nas corporações, nem sempre é interessante a superiores; e permitir o crescimento profissional de novatos no meio, em ambientes de veteranos, também são situações que a vivência prática das empresas, acaba desmentindo as facilidades vendidas pelo coach.

Editado: em 27.mai.2021.      

Comentários

  1. em 18 de abril de 2016 >> "BOA SORTE E QUE TENHAM MESMO SORTE, MUITA SORTE."
    > https://gustavohorta.wordpress.com/2016/04/18/boa-sorte-e-que-tenham-mesmo-sorte-muita-sorte/

    HOUVE UMA ÉPOCA EM QUE HAVIA UMA CHANCE.
    AGORA, CONTUDO, NO PAÍS DA CORRUPÇÃO, DA SACANAGEM, DOS ASSASSINATOS LIBERADOS E DA ROUBALHEIRA CONSAGRADA, MELHOR BOTAR O RABINHO ENTRE AS PERNAS....

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    1. Obrigado por sua dica de leitura e por visitar o nosso blog. Seja bem vindo!

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