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É para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5, 1)

 Nesta quarta-feira de cinzas (05), a Igreja Católica no Brasil dá início à Campanha da Fraternidade (CF-2014), com o tema: "É para a liberdade que Cristo nos libertou", extraído do texto da carta de São Paulo aos Gálatas no capítulo 5 versículo 1, o qual traz também seu cartaz que quer refletir sobre o tráfico humano. 

 As mãos acorrentadas e estendidas simbolizam a situação de dominação e exploração dos irmãos e irmãs traficados e o seu sentimento de impotência perante os traficantes. A mão que sustenta as correntes representa a força coercitiva do tráfico, que explora vítimas que estão distantes de sua terra, de sua família e de sua gente. A sombra na parte superior do cartaz expressa as violações do tráfico humano, que ferem a fraternidade e a solidariedade, que empobrecem e desumanizam a sociedade.

 As correntes rompidas e envoltas em luz revigoram a vida sofrida das pessoas dominadas por esse crime e apontam para a esperança de libertação do tráfico humano. Especialmente os que sofrem com injustiças, como as presentes nas modalidades do tráfico humano, representadas pelas mãos na parte inferior.

 A maioria das pessoas traficadas é pobre ou está em situação de grande vulnerabilidade. As redes criminosas do tráfico valem-se dessa condição, que facilita o aliciamento com enganosas promessas de vida mais digna. Uma vez nas mãos dos traficantes, mulheres, homens e crianças, adolescentes e jovens são explorados em atividades contra a própria vontade e por meios violentos. (Fonte: CF 2014).

 O tema sobre o tráfico humano vem sendo foco de reflexão intensa da Igreja desde o ano passado quando em sua homilia o papa Francisco na missa celebrada na Ilha de Lampedusa lembrando o naufrágio com migrantes africanos que acalentavam o sonho de melhores condições de vida em que na travessia do Mediterrâneo, acabaram encontrando a morte como destino frequente. Associando com o desejo de muitos, movidos por suas dificuldades a buscarem uma vida melhor se deixando seduzir em meio às 'facilidades' propostas pelos aliciadores e traficantes de seres humanos: 

 "Diante da percepção da maioria, os culpados seriam eles próprios, ao se aventurarem numa viagem perigosa em embarcações frágeis". O papa lembrou que a maior parte das pessoas - imersas numa cultura do bem-estar -, leva ao descuido para com o outro e à insensibilidade mesmo diante de tragédias que ceifam vidas.

 Já em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz em 1 de janeiro deste ano, o papa lembrou exatamente o cerne do debate da CF-2014 no Brasil, aludindo ao "exemplo preocupante do dramático fenômeno do tráfico de seres humanos", ao criticar também a proliferação de armas defendendo o desarmamento e a 'renúncia' às armas por parte de todos, pela amenização de todas as consequências danosas que os mais vulneráveis sofrem em meio a refugiados, famintos e deslocados os quais vivem em contínuo terror em decorrência de tantas guerras no que chamou de "violação sistemática dos direitos humanos". 

 “Penso no abominável tráfico de seres humanos, nos crimes e abusos contra menores, na escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do mundo, na tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se especula indignamente na ilegalidade”, prossegue o Papa.

 Em meio a tantas recomendações e aos constantes convites a reflexões sobre um tema ainda muito pouco discutido no meio eclesial católico, a CF de 2014 vem abordar de forma concisa trazendo essa realidade mais próxima aos fiéis católicos e talvez mais desavisados ou que acreditem que esta seja uma realidade bem distante de suas vidas.

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