Artigo de José Paulo Kupfer
do jornal O Estado de S. Paulo
do jornal O Estado de S. Paulo
Uma economia esticando a corda de um modo de crescer que bateu no muro, mas que entrou em obras, na tentativa de abrir novos espaços para retomar um ritmo de expansão mais firme, talvez ainda no primeiro semestre de 2013. A partir do IBC-Br de outubro, divulgado ontem pelo Banco Central, e de outros indicadores antecedentes de novembro e da primeira quinzena de dezembro, essa pode ser uma razoável projeção do comportamento do nível de atividades, no último trimestre de 2012.
Chamuscado pelo desvio em relação aos dados efetivos apurados pelo IBGE para a evolução do PIB, no terceiro trimestre, o IBC-Br apontou para outubro um crescimento de 0,36% sobre setembro. Este avanço, diga-se, está em linha com projeções de consultorias e bancos para o nível de atividades, no primeiro mês do último trimestre do ano..
Mas não se pense que se trata de uma tendência. Assim como o crescimento forte de agosto não se repetiu em setembro, a retomada de outubro parece não ter fôlego para emendar novembro, ainda que permita prever um suspiro em dezembro. Na verdade, enquanto o ambiente para os investimentos não desanuvia e ganha contornos mais nítidos, a economia deve continuar como um trem resfolegando no sobe e desce de uma estrada de ferro montanhosa.
O comportamento do comércio ampliado, que inclui o varejo de veículos, tem dado o tom da trajetória da economia. Empurra os índices de atividade, inclusive o IBC-Br, para cima ou para baixo, na dança da prorrogação do desconto de IPI. É esse fenômeno, agora ao lado de um avanço sem muita consistência da indústria, que explica a expansão, mesmo que modesta, do IBC-Br em outubro.
Sintonizadas com esse vaivém, as projeções de crescimento para o quarto trimestre não aparecem muito melhores do que os decepcionantes 0,6% do terceiro. O teto das previsões é de uma expansão de 0,8%,noacumulado de outubro a dezembro. Ou seja, se essa projeção se confirmar, a economia estaria rodando a um ritmo de 3,2%, na virada do calendário. Um ritmo compatível com o triste PIB entre 0,8% e 1% estimado para 2012 e ainda fraco para impulsionar a economia pelo menos na entrada de 2013.
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